Como meditar

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(dia 5 de maio de 2014 vem ao Porto o grande Matieu Riccard dar  uma conferência sobre meditação e ciência! A não perder!!) 

No ano passado fruto de circunstâncias pessoais menos positivas (nomeadamente, crises muito frequentes de enxaqueca) comecei a estudar e a praticar a meditação.

A minha história com a meditação é parecida à de tantas outras pessoas: ou numa aula de yoga ou num contexto deste género (por exemplo cheguei a fazer alguns workshops de meditação) em que nos propõem meditar e “não pensar em nada” e tudo o que eu conseguia fazer era começar a coçar-me por todos os lados, porque de repente parecia sempre que havia uma mosca nas redondeza que teria pousado em cima de mim. E pensar em nada? Certooooooooo claro que sim….

No ano passado, eu que absolutamente sou fã das TED Talks e apanhei, a meio do verão, uma TED em que uma médica muito cética que tinha feito ressonâncias magnéticas funcionais (FMRI) a pessoas antes e depois de um treino de meditação em que estes meditavam todos os dias. Volvidas apenas 8 semanas verificou-se uma maior ativação de zonas do cérebro relacionadas com a regulação emocional, entre outras.

E daqui foi toda uma catadupa! Aparentemente esta coisa das FMRI veio chamar a atenção para a existência de um nível de neuroplasticidade até agora desconhecido e há vários vídeos na internet não só acerca dos benefícios da meditação como também acerca da prática da meditação.

Já agora, fiquem com a minha coleção de vídeos sobre meditação:

https://www.youtube.com/playlist?list=PLnMSFYATTxWUzKJHPYFXfvsWwAQ9yvZkI&feature=mh_lolz

Ou seja há aparentemente uma quantidade incrível de benefícios que derivam da meditação (e não estão todos descritos aqui!)

Restava-me na altura perceber COMO ENTÃO É QUE EU POSSO FAZER ESTA MARAVILHA, SE O MEU CÉREBRO NÃO PÁRA QUIETO E EU NÃO CONSIGO DEIXAR DE TER COMICHÕES NA CARA QUANDO ME SENTO PARA MEDITAR????

(assim, a pergunta em maiúsculas porque a irritação era grande)

Então posso dizer-vos que há vários livros e filmes que podem ver, no caso de não terem por perto o amigável guru ou professor de meditação com quem se sintam confortáveis (como em tantas outras coisas na vida, também isto é frequentemente uma questão de empatia mais do que de conhecimentos).

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Eu organizo – nos meus conhecimentos muito limitados – a meditação em 3 grandes técnicas que podem ou não derivar de sistemas filosóficos e religiosos diferentes. E que passo a partilhar convosco:

Focar a respiração

(é uma das técnicas do chamado “mindfulness“)

A respiração (ou se quiserem os mais preciosistas, a “ventilação pulmonar”, está certo assim?) é uma das funções mais importantes do nosso corpo e no entanto é talvez a coisa à qual nós prestamos menos atenção. (Bom, é claro que ainda bem que ela não precisa da nossa atenção, senão, qualquer semana mais complicada com  mais preocupações e ups! lá se ia a nossa vida num instante!)

A ideia aqui (pelo menos diz o sr Jon Kabat-Zinn) não é alterar ou “controlar” a respiração, mas apenas observá-la, sendo esse o único pensamento com que nos ocupamos. Se começarmos a pensar noutra coisa qualquer, não devemos ficar zangados ou alterados, apenas devemos aceitar que esse pensamento surgiu e deixá-lo ir, voltando àquilo em que estavamos concentrados, a meditação.

Ficar imóvel e não pensar em nada

É mais ou menos o princípio do zazen, uma disciplina mais dura o que o mindfulness, mas muito interessante. Não querido alongar-me naquilo em que estou longe de ser mestre, a ideia é que nesta imobilidade reside uma liberdade imensa, e que a ausência de movimento total nos torna mais capazes de imobilizar também o pensamento. Na coleção de vídeos há alguns mestres a falar sobre isto, mas a ideia é que uma pessoa não se concentra em nada (nem respiração, nem mantra nem nada, só esvazia a mente de pensamentos e fica muito quietinha).

Usar mantras

Os mantras, dos quais o mais famoso será seguramente o Ohmmmmmmm, servem para uma pessoa – mais uma vez – ter algo em que se concentrar em vez das “suas vozes interiores”. Na tradição ayurvédica, aliás as meditações com diferentes mantras visam ajudar diferentes chackras.

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E depois há outras ideias como:

  • Enviar amor e compaixão para todos os seres vivos (incluindo e – alguns autores sugerem, sobretudo – para aquelas pessoas que nos irritam e das quais não gostamos), etc.
  • tentar focar aquilo que se vê quando se tem os olhos fechados (não, não é só preto)
  • focar as sensações corporais e estímulos externos quando se tem os olhos fechados (a pressão que o rabo faz na cadeira, os barulhos da rua, etc)

Outras dicas: tentar não ceder ao impulso de coçar quando se tem uma comichão – geralmente é só a nossa mente a pregar-nos uma partida porque não está habituada a ficar quietinha; resistir à tentação de ficar frustrado quando a meditação não corre bem – é a vida, uns dias melhor outros dias pior, mas o importante é continuar (é parolo, mas é verdade!)

Recursos online

Há uns tempos atrás, a Margarida Cardoso começou uma iniciativa que se chama “desafio: 21 dias a meditar” em que incentiva toda a gente a tentar meditar 21 dias seguidos e ver como se sente. O grupo de facebook dá algum apoio e a Margarida costuma enviar uns emails fantásticos na newsletter que organiza (recomendo!). (já agora, a Margarida Cardoso também indica outras técnicas de base no blog dela, Mar Azul).

Para mim esta coisa da meditação já não é diária (embora devesse!!), mas fez com que mudasse muitas coisas na minha vida e na forma como encaro os problemas/desafios do dia-a-dia. Ajudou-me bastante com o controlo das enxaquecas! (mas não retiro o mérito à minha super espetacular neurologista, Dr.a Joana Damásio – a mais querida e competente das médicas de sempre – e à medicação, como é obvio)

Com a meditação comecei uma página de facebook que originalmente se chamava desafio de 30 dias a meditar (ah! sim, já me esquecia, fiz um desafio de 30 dias com a meditação) e agora se chama modo zen onde vou colocando informação de forma mais ou menos displicente acerca deste e outras temáticas. Espreitem.

A Oprah e o Deepak Chopra também promovem ocasionalmente desafios de meditação.

Livros

As aventuras de Ta Chi o grilo tibetano – é um livro para crianças de-li-ci-o-so! com cd a contar as histórias e que também dá muito bem para os adultos. Eu adoro este livro e não só já o li várias vezes, como o mantenho ativo, emprestando-o a amigos que têm filhos.

David Fontana é um autor muito simpático com vários livros editados em português e que normalmente são também esteticamente atraentes. Eu tenho o “aprenda a meditar” e o “meditação feliz“. e recomendo!

Mindfulness for dummies – confesso que não fui muito à bola com este livro, embora reconheça que tem muita informação e que pode ser útil para outras pessoas.

Apps

http://www.outsideonline.com/outdoor-gear/gear-shed/tech-talk/The-Best-Meditation-Apps.html

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Publicado por helenagmartins

People are my favorite "thing". I'm a creative and dynamic teacher and researcher in the area of People at Work. I love the arts and I practice plenty of them.

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