A FEUP organizou esta semana um seminário de um dia e meio sobre escrita científica com o Prof. Luís Adriano Oliveira. Ficam aqui as impressões e ideias principais desta ação de formação.
Durante 1 dia e meio tive oportunidade de frequentar uma formação sobre escrita científica na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, dada pelo Prof. Luis Adriano Oliveira. A ação de formação foi muito dinâmica e muito proveitosa com dois exercícios práticos extremamente úteis.
A pedido do formador não vou partilhar os slides, mas ficaram algumas das minhas aprendizagens e ideias que mais me impactaram pessoalmente, que partilho convosco:
- O contexto da investigação científica tem-se vindo a alterar com um grande acréscimo de pressão para a publicação.
- Um bom texto científico rejeita o argumento da autoridade e prefere respeitar a lógica de raciocínio do leitor.
- O ritmo do texto deve ser o ritmo e percurso do raciocínio do leitor – e por isso é necessário por vezes repetir conceitos e se deve sempre considerar quem é o público alvo do manuscrito
- Transmite não só o conhecimento, mas também como é que se chegou a esse conhecimento/conclusões.
- Faz prova da sua utilidade – que não precisa de ser imediatamente prática (nem todos os estudos são em ciência aplicada!). A prova da utilidade dos estudos científicos também promove uma maior “proximidade” com a sociedade o que não só demonstra respeito por estes stakeholders, como também promove o financiamento da investigação.
- Relativamente a teses de doutoramento:
- pretende-se que o candidato explicite o seu contributo para o avanço da ciência naquela área (e a pertinência do estudo), que conhece as alternativas à sua forma de abordar o tema e que “possui total domínio da matéria” (até suei frio quando se disse isto!)
- uma dissertação é um *relatório* (isto fez tanto sentido para mim!)
- “diga o que vai dizer, diga o que tem a dizer, diga o que acabou de dizer”
- o texto deve contar uma história, e a história é o desenvolvimento da investigação: ponto de partida, lógica de investigação, esforços de investigação, e como se chegou às conclusões (discussão, conclusões)
- O texto deve ser coerente (em geral, mas especialmente com a proposta inicial, deve anunciar ao que veio e cumprir o que propõe), lógico e claro.
- O título deve ser mais do que o mero tema da investigação e incluir algumas ideias chave/afirmações, etc.
- Frequentemente, o júri lê primeiro o resumo e depois as conclusões.
- Na discussão referir “teste, verificação, validação” de resultados (eu sei como obtive os resultados [os testes são os mais adequados], medi o que era suposto medir para a minha temática e questões e tenho a certeza que os testes são bons e deram os resultados “corretos”).
- Do ponto de vista do júri, a avaliação de um trabalho doutoral incide sobre relevância, originalidade, inovação, rigor e autonomia do trabalho + capacidade de exposição oral do trabalho por parte do candidato.
- Em geral, os textos científicos devem ser tão breves quanto possível – a ideia é que seja rápido de ler, ou pelo menos tão rápido quanto possível para transmitir a sua mensagem.
- Incluir primeiro a informação mais importante e a seguir a informação útil.
- “concentre o texto sobre o que o leitor precisa de saber ou fazer depois de concluir a leitura do texto”
- Incluir primeiro a informação mais importante e a seguir a informação útil.
Programa de formação
Referências Citadas
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- MARSHALL, S. e GREEN, N. (2007), “Your PhD Companion” (2.a ed.). How To Books, Oxford.
- OLIVEIRA, L. A. (2012), “Dissertação e Tese em Ciência e Tecnologia” (2a. ed.). Lidel.
- PIEDADE, A. (2014), “A Escrita na Comunicação de Ciência”. Workshop CINEP, Coimbra, maio-2014.
- OLIVEIRA, L. A. (2013), “Ética em Investigação Científica” (2a. ed.). Lidel.
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- STEWART JR., C. N. (2011), “Research Ethics for Scientists” . Wiley-Blackwell.
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