Uma das coisas em que mais tenho pensado desde que entreguei o meu doutoramento e que despachei os assunto mais urgentes que lhe estavam associados, é no livro e no projeto das histórias que esteve todo este tempo, silenciosa e pacientemente à minha espera.

Quando entreguei a tese, fiz imediatamente uma lista de tarefas e coisas a fazer para concluir mais um projeto, mas algo não estava a bater certo e me estava a impedir de avançar com o mesmo. Faltava alguma coisa e eu não estava a perceber o quê.

Este tem sido de todos os “regressos a mim” o mais difícil. Não consigo, nem quero ver este projeto como um fardo ou uma tarefa a fazer mecanicamente, porque sinto que fazê-lo era roubá-lo da sua alma, do seu coração. E este projeto sem coração não presta.
Durante semanas, questionei-me sobre o que raio se estava a passar comigo. Até que aceitei que, tal como com um amigo de quem nos afastamos durante muito tempo, cujas chamadas deixamos de atender, e a quem deixámos de ligar, era preciso fazer as pazes, e lentamente reinventar esta relação.

Talvez visto de fora isto possa parecer estranho, um capricho de menina mimada. Uma desculpa.
Mas a realidade é o que é.

Há um quê de magia na arte, uma força que tive tanto tempo e em tanta abundância que foi preciso secar a fonte para eu perceber a sua importância.
E admito que precisei de sentir o pulsar da criatividade e da inspiração novamente, precisei de ser capaz de escrever de novo (pouquinho, mas já aconteceu) para conseguir falar sobre isto.

Há uns dias uma amiga disse-me, perante o meu stress que vinha das mil tarefas que tenho por cumprir mas também do peso de não ter concluído ainda este projeto (na altura ainda não estava a conseguir falar sobre o assunto e não fui capaz de admitir), que “aquilo que tu tens de fazer, tu fazes. Mais cedo ou mais tarde, se tu tens de fazer, tu fazes. Por isso tem calma”.

Assim, a todos os que tão pacientemente têm esperado pelo livro, e pela concretização do projeto sem me cobrarem por isso, eu só posso dizer um grande, enorme obrigada.

A palavra aventura tem implícita a noção de incerteza e a vontade de explorar, de conseguir.
E esta é a minha mais sincera verdade. Quero esta aventura e tenho medo. Medo de desapontar, de ser um fracasso, de não prestar. Sobretudo o medo de desiludir.
Tento não deixar o medo mandar em mim e tenho mimado a minha criatividade, quero-a de volta. Vou ao cinema, estou com amigos, danço e ouço música. E tento alimentar esta relação das formas mais genuínas e generosas que me ocorrem.

Esta aventura, que começou por ser a publicação de um livro, tornou-se para mim em algo maior e mais arriscado, tornou-se na aventura de redescobrir a minha criatividade e a minha inspiração, na aventura de me reencontrar.

Será quando tiver que ser!!! E na altura tu saberás que está na hora!! 😉