Desde que trabalhar online é o novo normal, que abrimos uma janela para as nossas casas de caa vez que falamos com colegas, clientes, chefes ou estudantes no zoom ou outra plataforma.
Reunir por zoom ou outra plataforma online é uma solução comum nos dias que correm e o sítio onde filmamos é relevante porque transmite um pouco da nossa personalidade e pode marcar o tom da mensagem que vai seguir, bem como a forma como aquilo que vamos dizer vai ser recebida.
Um fundo de zoom é sempre melhor que uma grande confusão ou a visualização de um quato desarrumado; no entanto, os fundo de zoom nem sempre funciona bem, pelo que em geral os profissionais estão a preferir evitar os mesmos.
No entanto , o sítio da casa onde se filma pode ser complicado de escolher pois o que está no nosso background tende a ser alvo de escrutínio por parte de quem nos observa, como demonstra esta reportagem do New York Times.
Apesar de as estantes de livros estarem na moda, cuidem que tenham apenas os livros que não vos embaracem visíveis – se têm um guilty pleasure ou um interesse que não querem partilhar com os vossos estudantes ou colegas, retirem da estante. As pessoas reparam. Mesmo.
Então, se não têm a opção de usar um background profissional tipo green screen (acredito que seja o caso da maior parte de nós), sugiro que usem uma parte da casa com pouca “tralha” e bem organizada.
“Mas Helena, a minha casa é pequena, eu não tenho a possibilidade de fazer um fundo de zoom só para as aulas que estou a dar!”
Pois, nem eu! Mas podemos ser criativos. Há de haver um canto em casa onde as coisas estejam menos confusas ou se possa criar mais serenidade nem que seja por momentos. Se não dá para ser sentado à secretárias, seja de pé e se não há nenhuma parede disponível, deve haver um cortinado que possa servir de fundo, desde que haja a iluminação certa.
Partilho uma experiência minha e o racional da escolha.
A imagem que estão a ver é de uma das minhas primeiras gravações para uma aula (dá para ver pela fraca iluminação). A minha casa é pequena e o que estão a ver é aquilo a que nós chamamos carinhosamente “o quarto da confusão”. Atrás de mim está uma cama que em cima tem toda a roupa que o meu marido tirou da corda e que ainda temos de arrumar e o chão tem brinquedos do meu filho e uns sacos com coisas para levarmos para casa dos avós. Como estava de chuva, ao meu lado direito estava o estendal (a nossa casa é fofa, mas pequena – welcome to Lisboa!).
A solução que arranjei foi apontar para o canto e dar a aula de pé mantendo algum dinamismo na aula e ocultando a maior parte do ambiente.
Vê-se apenas um poster de uma exposição de Degas e kanji que fiz no início do ano 2020 e um pouco do cortinado da janela. A meu ver, no máximo os estudantes confirmam que a) a prof é uma nerd (já sabiam e tenho orgulho nisso), b) a prof gosta de arte e c) a prof está interessada em cenas orientais.
A razão de escolha (além do evitamento da confusão visual) é que todas as elações que referi anteriormete são verdadeires e consistentes com o que eles já sabem sobre mim, e a quantidade de coisa que está no fundo é esparsa, ou seja não dá para se distrairem muito com o background, porque há pouca informação. Tenho experimentado outros settings, á medida que me vou sentindo mais à vontade com a ideia de falar para a câmara e gravar vídeos, mas francamente esta solução não me parece má.
A chave é que o fundo da nossa comunicação não seja introsivo reativamente à mensagem ou conteúdo, que e que apoie a imagem que queremos passar, cimentando a nossa credibilidade ou legitimidade. É fundamental vermos e analisarmos os nossos próprios vídeos para podermos detetar as coisas que estão a falhar e podermos ir implementando melhorias sempre que possível.
Helena G. Martins 